19 março 2012

José Albi (1922-)

Soneto de la ausencia

¿Me oyes, amor? Hay un fragor de trenes,
o quizá de batanes o de espigas
que te aleja de mí. No, no me digas
que te irás para siempre. Los andenes

se despoblaron. Yo, regreso. Penes
por donde penes, corazón, no sigas,
no te sigas marchando. Más fatigas
y más amor perdido si no vienes.

Ay, dolor, que yo sé lo que me pasa.
Que mi casa sin ti ya no es mi casa,
y el aire ni respira ni madura.

Que estás dentro de mí, pero no basta
aunque te lleve hasta los huesos, hasta
la misma pena que hasta ti me dura.

Soneto da ausência

Ouves-me, amor? Há um rumor de comboios,
ou talvez de pisões ou de espigas

que te afasta de mim. Não, não me digas
que te irás para sempre. As plataformas

ficarão sem ninguém. Eu volto. Por onde

quer que andes a penar, amor, não continues,
não continues andando. É mais o cansaço
e mais o amor perdido se não vens.

Oh, dor, eu sei bem o que comigo se passa:
A minha casa sem ti não é a minha casa
e o ar nem respira nem amadurece.

Tu estás dentro de mim, mas isso não basta
ainda que até nos ossos te traga, até na
própria pena em que por ti permaneço.


Sem comentários:

Enviar um comentário