21 março 2012

Pascale Petit (1953-)

The Bus

I have not yet caught the bus, but we are all here
ready to play our parts: the housewife with her basket,
the barefoot mother nursing her child,
the boy gazing out the window just as later
he'll stare through the smeared pane and catch
the tram's advance, his eyes wide as globes.
The gringo holds his bag of gold dust.
I am next to him, sixteen, my body still
intact when the bag explodes and something
bright as the sun fills the air with humming motes
that stick to my splattered skin. Then the labourer
with his mallet will heave the silver post out of me.
His blue overalls are clean. He is not surprised to find me
alive. Here, in Coyoacán at the stop, where the six of us
wait on a bench side by side, just as we will sit
in the wooden bus, comrades in the morning of my life.

O Autocarro

Ainda não apanhei o autocarro, mas estamos todos aqui
prontos para desempenhar os nossos papéis: a dona de casa com a sua cesta,a mãe descalça amamentando o seu filho,
o menino olhando pela janela, assim como mais tarde
ele vai olhar através do cortina manchada e aproveitar
o avanço do veículo, os seus olhos arregalados como globos.
O gringo segura no seu saco de pó de ouro.
Estou ao lado dele, dezasseis anos, e o meu corpo ainda
intacto quando explode o saco e algo
brilhante como o sol enche o ar com sonoras partículas
que se colam à minha pele salpicada. Em seguida, o trabalhador
com o seu martelo irá tirar o poste de prata de cima de mim.
 O seu macacão azul está limpo. Ele não fica surpreso ao encontrar-me viva. Aqui, em Coyoacán, na paragem, onde nós os seis esperamos lado a lado num banco, tal como nos sentaremos
no autocarro de madeira, companheiros na manhã da minha vida.

Sem comentários:

Enviar um comentário