01 maio 2012

Pedro Mir (1913-2000)

A capriccio

Este concierto
no ha sido copiado
de manuscrito alguno.

No ha sido extraído
de ninguna botella
descubierta en la playa.

Ni en los bolsillos
de un centinela exacto
que se quedó dormido.

Ni en las bodegas
de un galeón hundido
desde entonces.

La herencia de algún
pirata no lo ha dejado
en la arena.

Ni siquiera ha sido
escuchado en un piano
de cola todavía.

Este concierto
obedece a su propia
concreta situación
porque en esencia
todo ha sido reducido
a polvo. ¡Po1vo!

Y hay que ordenar
un toque de esperanza
al primer corneta
y al último redoblante
del batallón de
la mañana.

 A capriccio

o concerto
não foi copiado
de qualquer manuscrito.

Não foi extraído
de qualquer garrafa
descoberta na praia.

Nem nos bolsos
de uma tesa sentinela
que se deixou dormir.

Ou nos adegas
de um galeão naufragado
desde então.

A herança de nenhum
pirata fê-lo ser deixado
na areia.

Ele nem sequer foi
tocado num piano
de cauda.

 O concerto
obedece à sua própria
situação concreta
porque na sua essência
tudo foi reduzido
a pó. Pó!

E há que ordenar
um toque de esperança
à primeira corneta
e no última rufar
do batalhão da
manhã.

Sem comentários:

Enviar um comentário