03 janeiro 2012

Rafael de León (1908-1982)



Encuentro

Me tropecé contigo en primavera,
una tarde de sol, delgada y fina,
y fuiste en mi espalda enredadera,
y en mi cintura, lazo y serpentina.
Me diste la blandura de tu cera,
y yo te di la sal de mi salina.
Y navegamos juntos, sin bandera,
por el mar de la rosa y de la espina.
Y después, a morir, a ser dos ríos
sin adelfas, oscuros y vacíos,
para la boca torpe de la gente....
Y por detrás, dos lunas, dos espadas,
dos cinturas, dos bocas enlazadas
y dos arcos de amor de un mismo puente.

Encontro

Tropecei em ti na primavera,
uma tarde de sol, delgada e fina,
e foste nas minhas costas trepadeira,
e na minha cintura laço e fita.
Deste-me a suavidade da tua cera
e eu o sal da minha salina.
E navegámos juntos, sem bandeira,
pelo mar das rosas e dos espinhos.
E depois, ao morrer, fomos dois rios
sem loendros, escuros e vazios,
para a torpe boca das gentes...
E por trás, duas luas, duas espadas,
duas cinturas, duas bocas enlaçadas
e dois arcos de amor da mesma ponte.

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