17 janeiro 2012

John Burnside (1955-)


Notes towards an ending

No more conversations.
No more wedlock.
No more vein of perfume in a scarf
I haven't worn for months, her voice come back
to haunt me, and the Hundertwasser sky
Magnificat to how a jilted heart
refuses what it once mistook for mercy.
It's never what we wanted, everafter;
we asked for something else, a lifelong Reich
of unexpected gifts and dolce vita,
peach-blossom smudging the glass and a seasoned
glimmer of the old days in this house
where, every night, we tried and failed to mend
that feathered thing we brought in from the yard,
after it came to grief on our picture window.

Notas para um fim

Não há mais conversas.
Não há mais matrimónio.
Não mais veios de perfume num lenço
que não uso há um mês, a sua voz voltando
para me assombrar, e o céu Hundertwasser
Magnificat para um coração abandonado
recusando o que antes confundiu com misericórdia.

Nunca é o que queremos, para sempre,;
pedimos outra coisa qualquer, um Reich eterno
de presentes inesperados e dolce vita,
flores de pêssego esborratando o vidro e um maduro
vislumbre dos velhos tempos nesta casa
onde, a cada noite, tentámos e não conseguimos ressuscitar
aquela coisa de penas que trouxemos do quintal,
depois de ter vindo morrer no quadrado da nossa janela.

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