13 janeiro 2012

Luis Cernuda (1902-1963)


PEREGRINO

¿Volver? Vuelva el que tenga,
Tras largos años, tras un largo viaje,
Cansancio del camino y la codicia
De su tierra, su casa, sus amigos,
Del amor que al regreso fiel le espere.

Mas, ¿tú? ¿Volver? Regresar no piensas,
Sino seguir libre adelante,
Disponible por siempre, mozo  o viejo,
Sin hijo que te busque, como a Ulises,
Sin Ítaca que aguarde y sin Penélope.

Sigue, sigue adelante y no regreses,
Fiel hasta el fin del camino y tu vida,
No eches de menos un destino más fácil,
Tus pies sobre la tierra antes no hollada,
Tus ojos frente a lo antes nunca visto.

PEREGRINO

Voltar? Que volte aquele que sinta,
depois de muitos anos, após uma longa viagem,
cansaço do caminho e da ganância
da sua terra, da sua casa, dos seus amigos,
do amor que, no regresso, fiel o espera.

Mas, e tu? Voltar? Em regressar não pensas,
mas em seguir liberto, em frente,
sempre disponível, jovem ou velho,
sem criança que te procure, como a Ulisses,
e sem Ítaca que te espere, e sem Penélope.

Vai, vai em frente e não regresses,
Fiel até o fim do caminho e da tua vida
sem ter pena de um destino mais fácil,
os teus pés sobre a terra ainda inexplorada,
os teus olhos de frente para o que nunca antes viste.


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