13 março 2012

Jorge Luis Borges (1899-1986)

A un gato

No son más silenciosos los espejos
Ni más furtiva el alba aventurera;
Eres, bajo la luna, esa pantera
Que nos es dado divisar de lejos.
Por obra indescifrable de un decreto
Divino, te buscamos vanamente;
Más remoto que el Ganges y el poniente,
Tuya es la soledad, tuyo el secreto.
Tu lomo condesciende a la morosa
Caricia de mi mano.
Has admitido,
Desde esa eternidad que ya es olvido,
El amor de la mano recelosa.
En otro tiempo estás.
Eres el dueño
de un ámbito cerrado como un sueño.

A um gato

Não são mais silenciosos os
espelhos
nem mais furtiva a madrugada aventureira;
És, ao luar, essa pantera
que nos é dado a ver à distância.
Por obra indecifrável ​​de um decreto
divino, buscamos-te em vão;
Mais remoto que o Ganges e o poente,
é tua a solidão, teu o seu segredo.
A tua coxa permite a vagarosa
carícia da minha mão.
Aceitaste,
Desde essa eternidade que já esquecemos,
o amor da mão desconfiada.
Noutro tempo estás.
És o dono
de um espaço fechado como um sonho.

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