18 maio 2012

Lisel Mueller (1925-)

A day like any other

Such insignificance: a glance
at your record on the doctor's desk
or a letter not meant for you.
How could you have known? It's not true
that your life passes before you
in rapid motion, but your watch
suddenly ticks like an amplified heart,
the hands freezing against a white
that is a judgment. Otherwise nothing.
The face in the mirror is still yours.
Two men pass on the sidewalk
and do not stare at your window.
Your room is silent, the plants
locked inside their mysterious lives
as always. The queen-of-the-night
refuses to bloom, does not accept
your definition. It makes no sense,
your scanning the street for a traffic snarl,
a new crack in the pavement,
a flag at half-mast -- signs
of some disturbance in the world
because your friend, the morning sun,
has turned its dark side toward you. 

Um dia como qualquer outro

Uma insignificância: um olhar
sobre o teu registo na secretária do médico
ou para uma carta que não era para ti.
Como poderias saber? Não é verdade
que a tua vida passa à tua frente
a alta velocidade, mas o teu relógio
subitamente faz tique-taque como um coração amplificado,
as mãos geladas contra um branco
que é um julgamento. De outra forma, nada.
A cara no espelho ainda é a tua.
Dois homens passam no passeio
e não ficam a olhar a janela.
O teu quarto está quieto, as plantas
trancadas dentro das suas vidas misteriosas
como sempre. A rainha da noite
recusa florescer, não aceita 
a tua definição. Não faz sentido,
tu farejando a rua por um rosnar do trânsito,
uma nova racha no pavimento,
uma bandeira a meia-haste - sinais
de alguma agitação no mundo
porque o teu amigo, o sol da manhã,
virou o seu lado negro sobre ti.

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